Doença de Alzheimer: sintomas, diagnóstico precoce, tratamento e prevenção

O que é a Doença de Alzheimer

A Doença de Alzheimer é uma condição neurodegenerativa progressiva que afeta a memória, o comportamento e as funções cognitivas. Trata-se da causa mais comum de demência, representando cerca de 60% a 80% dos casos no mundo.

Ilustração estilizada do cérebro humano com regiões afetadas pela Doença de Alzheimer destacadas em cores suaves

No cérebro, ocorre o acúmulo de placas beta-amiloides e emaranhados neurofibrilares de proteína tau, que prejudicam a comunicação entre os neurônios. Com o tempo, essas alterações provocam atrofia cerebral, especialmente em regiões ligadas à memória e à linguagem, como os lobos temporais e o hipocampo.

Embora o Alzheimer ainda não tenha cura, há muito que pode ser feito. Diagnóstico precoce, tratamento adequado e mudanças de estilo de vida são fundamentais para retardar a progressão da doença e preservar a autonomia do paciente.


Quando procurar um neurologista

Procure um especialista se notar esquecimentos frequentes, mudanças de comportamento ou dificuldade para realizar tarefas rotineiras.
O neurologista especializado em neurologia do comportamento é o profissional indicado para:

  • Avaliar sintomas cognitivos;
  • Solicitar exames específicos;
  • Acompanhar o tratamento ao longo das fases da doença.

O acompanhamento regular é essencial para ajustar medicações, oferecer suporte à família e prevenir complicações.



Sobre o Dr. Daniel Yankelevich


Dr. Daniel Yankelevich é neurologista especializado em Alzheimer, demências e alterações cognitivas do envelhecimento, com atuação voltada à promoção da saúde cerebral e à qualidade de vida dos pacientes. Formado em Medicina pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). 


Realizou Residência em Neurologia na Escola Paulista de Medicina da UNIFESP, onde se especializou em Neurologia do Comportamento e Demências, área dedicada ao diagnóstico e tratamento de doenças que afetam memória, linguagem e comportamento. Atualmente, é colaborador do Ambulatório de Neurocomportamento da UNIFESP, pós graduando em Neurologia e Neurociências da UNIFESP, coordenador da equipe de Neurologia do Dr. Consulta, integra a equipe de Neurologia do Hospital do Coração (HCor) e membro titular da Academia Brasileira de Neurologia (ABN). 


Diferença entre Alzheimer e outras demências

Nem toda perda de memória é Alzheimer. O termo demência é um quadro clínico que pode ter diversas causas — Alzheimer é apenas uma delas. Outras condições incluem:

  • Demência vascular, causada por lesões cerebrais decorrentes de AVCs;
  • Demência frontotemporal, que afeta principalmente comportamento e linguagem;
  • Demência por corpos de Lewy, caracterizada por alucinações visuais e flutuações cognitivas.

Identificar corretamente o tipo de demência é essencial para definir o tratamento e o acompanhamento mais adequada


Sintomas iniciais e sinais de alerta

Os primeiros sinais do Alzheimer costumam ser sutis e, muitas vezes, passam despercebidos. Entre os sintomas precoces mais comuns, destacam-se:

  • Esquecimento de informações recentes (ex: repetir perguntas ou histórias);
  • Dificuldade para planejar, organizar ou resolver problemas simples;
  • Desorientação no tempo e no espaço (ex: se perder em locais conhecidos);
  • Trocar objetos de lugar ou perder itens com frequência;
  • Alterações de humor e personalidade (apatia, irritabilidade, retraimento social);
  • Dificuldade para encontrar palavras ou compreender conversas.

Reconhecer esses sinais precocemente permite buscar ajuda médica antes que o declínio cognitivo se agrave.


Estágios da Doença de Alzheimer

A doença evolui de forma gradual, e conhecer seus estágios ajuda no planejamento dos cuidados:

  1. Estágio leve: esquecimentos leves, pequenas falhas na linguagem e atenção; o paciente ainda é independente.
  2. Estágio moderado: maior dificuldade para realizar tarefas diárias, confusão de pessoas e lugares, alterações de comportamento.
  3. Estágio grave: dependência total, dificuldade para se alimentar, falar ou reconhecer familiares.

O acompanhamento contínuo em todas as fases é fundamental para garantir segurança e conforto.

Daniel Yankelevich, neurologista examinando paciente


Diagnóstico da Doença de Alzheimer

O diagnóstico é clínico e deve ser realizado por neurologista especializado em cognição ou demência.

 O processo inclui:

  • Entrevista detalhada com o paciente e familiares;
  • Avaliação neuropsicológica, com testes como Mini Exame do Estado Mental (MEEM), Questionário de Mudança Cognitiva (QMC8), 10-poin Cognitive Screener (10-CS), Teste do Desenho do Relógio;
  • Exames laboratoriais, que ajudam a descartar causas reversíveis (deficiência de vitamina B12, hipotireoidismo, infecções, etc.);
  • Exames de imagem cerebral (ressonância magnética ou tomografia), que avaliam:
  • Atrofia hipocampal (Escala de MTA);
  • Atrofia parietal e occipital (Escala de Koedam e ERICA);
  • Sinais de microangiopatia e leucoaraiose (Escala de Fazekas).

Em casos selecionados, pode-se realizar PET cerebral com FDG ou biomarcadores de líquor (Aβ42 e tau), conforme protocolos clínicos atualizados.


Importância do diagnóstico precoce

Identificar o Alzheimer nas fases iniciais traz benefícios significativos:

  • Permite iniciar o tratamento e intervenções cognitivas precocemente;
  • Facilita o planejamento familiar e financeiro;
  • Favorece ajustes de rotina e segurança no ambiente domiciliar;
  • Reduz a sobrecarga do cuidador e melhora a qualidade de vida global.

Além disso, estudos mostram que até 40% dos casos de demência podem ser prevenidos ou retardados com mudanças no estilo de vida.


Tratamento da Doença de Alzheimer

O tratamento é individualizado e combina medicações, terapias de suporte e mudanças de hábitos.

Tratamento farmacológico

Os medicamentos visam melhorar a comunicação entre os neurônios e reduzir os sintomas cognitivos e comportamentais:

  • Donepezila, rivastigmina e galantamina – indicadas para fases leve e moderada;
  • Memantina – utilizada nas fases moderada a grave.

Essas medicações devem sempre ser prescritas e acompanhadas por médico especialista.

Intervenções não farmacológicas

  • Reabilitação neuropsicológica e estimulação cognitiva (jogos, leitura, aprendizado de novas tarefas);
  • Atividade física regular, que melhora circulação cerebral e humor;
  • Terapia ocupacional e fonoaudiologia, para manter funcionalidade e comunicação;
  • Apoio psicoterápico e grupos de suporte para pacientes e familiares.

O envolvimento da família e a criação de uma rotina estruturada são pilares do tratamento.


Estilo de vida e prevenção

Não há forma garantida de evitar o Alzheimer, mas é possível reduzir o risco com hábitos saudáveis. Pesquisas indicam que fatores de estilo de vida influenciam fortemente o envelhecimento cerebral.

  • Alimentação balanceada, com frutas, legumes, azeite e peixes (dieta mediterrânea);
  • Exercícios físicos regulares (aeróbicos e resistência);
  • Sono reparador, evitando privação crônica;
  • Controle de pressão, glicemia e colesterol;
  • Vida social ativa e aprendizado contínuo;
  • Controle da depressão e do estresse.

Esses hábitos contribuem para a reserva cognitiva, retardando o aparecimento de sintomas mesmo em quem possui predisposição genética.


Cuidadores e suporte familiar


Cuidar de uma pessoa com Alzheimer é um desafio emocional e físico.

É importante que os cuidadores recebam orientação e suporte multiprofissional, incluindo:

• Psicoterapia e grupos de apoio;

• Orientação sobre rotina, segurança domiciliar e prevenção de quedas;

• Acompanhamento médico regular para ajustar medicações e condutas.

Lembrar que cuidar de si mesmo também é parte do cuidado com o outro.



Avanços recentes e perspectivas de pesquisa

Nos últimos anos, a ciência tem avançado no entendimento e no tratamento da Doença de Alzheimer.

 Novas terapias direcionadas às causas biológicas — como os anticorpos anti-β-amiloide (ex: lecanemabe, donanemabe) — mostram resultados promissores na redução de placas cerebrais e retardo da progressão cognitiva em estágios iniciais.

Entretanto, essas medicações ainda não estão amplamente disponíveis e requerem acompanhamento rigoroso em centros especializados.

Pesquisas também exploram o papel da inteligência artificial e da neuroimagem volumétrica na detecção precoce de alterações cerebrais, permitindo diagnósticos cada vez mais precisos.


Conclusão

A Doença de Alzheimer é uma condição complexa, que exige conhecimento, empatia e cuidado contínuo.

Com diagnóstico precoce, tratamento adequado e suporte familiar estruturado, é possível preservar a autonomia, melhorar a qualidade de vida e promover um envelhecimento mais digno e saudável.

Informação é a melhor ferramenta contra o medo.

 Se você suspeita de sintomas em si ou em um familiar, procure um neurologista especializado em cognição — quanto antes começar, melhor o prognóstico.